Sabe-se que a maior parte da classe política
brasileira não faz separação entre o público e o privado, os órgãos públicos são
suas empresas familiares. Já tivemos como presidentes de sociólogo a retirante,
e não mudou muita coisa, ainda somos uma frágil democracia representativa, cujos governantes não representam os interesses do povo.
No
processo da operação Lava-Jato, foi encontrada uma curiosa troca de e-mails, datada de 27
de outubro de 2011, entre Renato Duque e Jorge Zelada, quando eles viviam
tempos amenos, de dinheiro fácil...
Lá
pelas tantas, um irônico Duque escreve para o seu companheiro de roubalheira
"Dinheiro pode não comprar a felicidade, mas, de alguma forma, é mais
confortável chorar em uma Mercedes-Benz do que em uma bicicleta ...
Vivemos
sob a ditadura da economia, a crise não e meramente econômica; perpassa pela diluição
dos valores éticos e morais e espirituais. Uma nação permeada por
enormes contradições e profundas desigualdades sociais continuará a dormir em berço esplendido? E uma das questões que talvez ainda demora ser respondida...
O que esperar de um país que alimenta a egolatria, dilui a
compaixão e tolera a corrupção? É lamentável que tempo, energia e recursos
financeiros continue sendo gasto para enxugar gelo, e nas datas festivas os
problemas sejam varridos para debaixo do tapete, afinal, nossa imagem vale
mais, do que a verdade por trás dela. Se faz necessário provocar uma reflexão
sobre a mania bem brasileira, de tentar esconder nossas mazelas com folia e
futebol, não é mais possível, a vida não é feita de carnavais! Carnaval e
futebol não fazem de um país, uma grande Nação. Uma grande Nação, se constrói
alicerçada na justiça social e equidade.
O Brasil anos atrás, foi noticiado como 7ª economia do planeta, éramos
mesmo? Reconheçamos que embora existam avanços sociais e econômicos, não fomos
tão longe, assim como uma maquilagem, pode ser perfeita por algumas horas, mas
basta os poros cumprirem sua função, o suor faz ela desaparecer, assim foi com
nosso segundo milagre econômico. A radiografia social em 2017 mostrou um
País onde 13 milhões viviam com R$ 133,72, e segundo IBGE, 52 milhões estavam na linha de
pobreza.
As
imensas galerias de arte das grandes cidades brasileiras, são em sua maioria são
mantidas com verbas públicas, há salões amplos ocupados por uma única obra de
arte. Espaços amplos que poderia abrigar durante a noite, dezenas de pessoas em
situação de rua, (Já que os albergues são insuficientes). É uma aberração falar
isso? Talvez, pois estas pessoas roubariam ou danificariam as obras de arte,
mas porque roubariam? Então, é fato que a cidadania não é realidade para
pessoas que por 365 dias por ano dormem ao relento, ou na porta de alguma galeria de arte. Eles não são tratados como cidadãos com direitos, como prevê a constituição federal
brasileira.
Estamos mergulhados na lama de uma crise política, ética, moral e espiritual sem precedentes... O poço parece não ter fundo, ou será que já passamos do fundo do poço, e nem nos damos conta? O que esperar de uma nação que se alimenta do narcisismo e tolera e pratica a corrupção?
Temos
conflitos armados, roubos, assassinatos, estupros, assaltos. Os desvios de
verbas e de conduta, bem como devastação ambiental e o descaso com a saúde pública.
Os
grupos de extermínio e milícias agem sob as barbas da lei, os escândalos
sexuais e financeiros envolvem líderes e empresários, temos o tráfico de vidas,
de drogas, de influência...
O tecido social tem furos na trama, e a “sonhada aldeia global” está doente, cansada, intolerante, estressada...
Os
sentidos aguçados pelos vícios, criam uma dependência doentia do hedonismo que
corrói os corações e destrói tudo a nossa volta. Buscamos o controle das
situações, e quando não temos, qual é nossa atitude? Geralmente nos irritamos,
brigamos. Lutamos por satisfazer nossos anseios hedonistas, cantamos a paz,
quando preferimos a guerra. Ninguém parece realmente interessado em ouvir seu
semelhante, e a compaixão sucumbe pelas ruas e vielas...
As
pessoas vagam perdidas, numa insana busca por autossatisfação, mas não
conseguem entregar o amanhã nas mãos do Criador. A “Aldeia global” sangra e
derrama sangue dos integrantes da sua tribo... Sobra ofensas,
indiretas, insultos, falta amor, gentileza, empatia...
Se
você olhar ao seu redor... Quem de verdade se importa com você? Quem te vê
quando choras? Quem te põe no colo quando se sente desprotegida (o)? Quase sempre, é de Deus, o único colo que
temos. Nós achamos que temos muitos amigos, mas não é raro confiarmos em alguém
e lhe falar de nossas dores, nos lançam um olhar de julgamento ao invés de
secar nossas lágrimas.
Entendi
que é Deus, quem derrama gotas da sua graça para curar nosso ser, e Ele quem vê
nosso interior e valoriza o potencial que há em nós, como citam as
escrituras: É Ele quem resgata a sua
vida da sepultura e o coroa de bondade e compaixão, (Salmos 103:4).
Por Joana D´ arc Henzel - Assistente social e missionária
Um homem visionário.
Na introdução ao livro “The Legacy of
William Carey”, o conhecido teólogo indiano Vishal Mangalwadi, demonstra como
esse famoso missionário inglês, pastor batista e pai das missões modernas, foi
mais do que simplesmente um típico missionário transcultural. Na verdade, ele
foi um modelo de líder cristão preocupado com a transformação das culturas,
castas e cosmovisões da Índia. Para você ter uma idéia da sua abrangência e
influência, se alguém perguntasse nas Universidades Indianas: “Quem foi William
Carey?” aconteceria mais ou menos o seguinte:
• Estudantes dos departamentos de Letras,
Literatura e Educação o reconhecem como o 1º tradutor dos grandes clássicos
religiosos da literatura indiana, como o Ramayana e o tratado filosófico
Samkhya na língua inglesa. Willian Carey traduziu e publicou a Bíblia em 40
línguas diferentes! Ele fundou a 1ª Faculdade Asiática em Serampore, perto de
Calcutá; foi professor de Bengali, Sânscrito e Marathi no Fort William College
em Calcutá e escreveu o 1º dicionário de sânscrito para estudiosos. Além disso,
ele começou dezenas de escolas para crianças de todas as castas. Por mais de 3
mil anos a cultura religiosa proibiu a maioria dos indianos do acesso ao
conhecimento, estratégia das altas castas para controlar as castas inferiores.
Carey demonstrou tremendo poder espiritual contra os sacerdotes e religiosos.
Carey escreveu baladas do evangelho em Bengali para atrair aos cultos hindus
que amavam a música e transformou o Bengali – considerada apta somente para
mulheres e demônios – na língua mais importante da Índia. Seu objetivo sempre
foi criar uma literatura vernácula, nacional.
• Estudantes de história o têm como pai da
renascença indiana nos séculos XIX e XX. O ápice intelectual, artístico,
arquitetônico e literário da Índia hindu do século XI cessou e declinou com o
monismo de Adi Shankaracharya. Todo o racionalismo, modernismo, temas
científicos e tudo o mais que enriquece a cultura tornou-se suspeito dentro da
cultura. Asceticismo, misticismo, ocultismo, superstição, idolatria, feitiçaria
formaram a estrutura e visão de mundo da cultura indiana. Isso tudo em meio a
exploração estrangeira e controle Europeu. Carey viu a Índia como um país amado
por Deus, onde a verdade deveria reinar. O movimento de Carey culminou no
surgimento do nacionalismo indiano e subseqüente movimento pela independência.
• Estudantes de economia o apontam como o
precursor da idéia da poupança, um homem que lutou contra a avareza, a cultura
de propinas e a usura da época. Juros entre 36-72 % tornam investimentos,
indústria, comércio impossíveis, dizia ele! Ele pregou ética na economia e
buscou incrementar as relações econômicas entre a Índia e Inglaterra numa época
de xenofobia;
• Estudantes de engenharia o tratam como
um industrial, que trouxe a máquina a vapor para a Índia, animou os ferreiros a
fazerem cópias de
suas máquinas; o 1º a utilizar papel indiano
para publicação;
• Estudantes de ecologia garantem que
Carey foi o 1º a escrever artigos sobre a floresta indiana quase 50 anos antes
do governo começar suas tentativas de conservação ambiental em Malabar. Ele
defendeu o cultivo da madeira dando conselhos práticos em como plantar árvores
com propósitos ambientais, agricultura e comerciais. Deus nos fez responsáveis
por toda a terra!
• Estudantes de agronomia o tratam como o
fundador da sociedade Agricultura e Horticultura em 1820, 30 anos antes da
Sociedade Real de Agricultura ser estabelecida na Inglaterra. Carey fez
sistemáticas pesquisas da agricultura e intensas campanhas pela reforma
agrária. Tudo isso, por estar horrorizado pelo fato de 3/5 deste bonito país se
tornara uma grande selva não cultivada e cheia de feras e serpentes; ele
publicou os primeiros livros sobre ciência e história natural na Índia, trouxe
o sistema de jardinagem Linnaen e inspirou o nome dum dos 3 eucaliptos da
Índia: Careya Herbacea. Ele freqüentemente palestrou sobre ciência e mostrou
como insetos não seriam almas aprisionadas, mas criaturas valiosas de atenção;
• Estudantes de medicina lembram que Carey
realizou a 1ª campanha por um tratamento digno aos leprosos. Naquela época eles
eram queimados ou enterrados vivos pela crença que um corpo, com um fim
violento, transmigraria para uma existência saudável. “Jesus tocou os
leprosos”, dizia Carey
• Estudantes de comunicação e marketing o
honram como pai da tecnologia da impressão. Ele trouxe a imprensa e publicação
e ensinou a utilizá-la além de estabelecer o 1º Jornal em língua oriental,
Friend of India, uma força que impulsionou o movimento de reforma social na 1ª
metade do XIX.
• Estudantes de sociologia e dos direitos
da mulher lembram que ele fez pesquisas sociológicas e publicou artigos para
levantar protestos em Bengali e Inglaterra. Ele foi o 1º a levantar-se contra
os assassinos cruéis e opressores da mulher indiana. Os homens destruíam as
mulheres através da poligamia, genocídio infantil, casamento infantil, queima
de viúvas (sati), eutanásia e analfabetismo feminino. Todos esses sancionados
pelo hinduísmo e outras religiões. Ele persistiu 25 anos contra o sati até que
o edito de 1829 baniu essa prática, alem de abrir escolas para moças e arranjar
maridos para viúvas convertidas;
• Estudantes de filosofia asseveram que
William Carey reviveu a antiga idéia de que ética e moralidade estão
inseparavelmente ligados à religião, enquanto muitos na época separavam a
espiritualidade de moralidade. Ele reafirmou que os seres humanos são pecadores
e precisam de perdão. Esse ensino revolucionou a espiritualidade indiana que
enfatizava meramente a experiência mística individualista;
• Estudantes de astronomia sabem que Carey
introduziu o estudo da astronomia na Índia. Ele não acreditava que os astros
eram deuses que governavam a vida das pessoas. Profundamente preocupado com os
desdobramentos culturais da astrologia: fanatismo, superstição, ele lembrou que
homens foram criados para governar a natureza e não vice-versa. Sabia que o
sol, lua e planetas são criados para manifestar a glória de Deus e ajudam a
dividir as estações, anos e meses e definir direções (norte, sul, leste,
oeste). A astronomia liberta enquanto a astrologia aprisiona!
• Estudantes de biblioteconomia o aceitam
como o pioneiro no empréstimo de bibliotecas para a Ásia. Enquanto os navios
britânicos importavam armas e soldados, Carey trouxe livros educativos e
sementes nestes mesmos navios. “Livros libertam”, dizia Carey!
Como você pode perceber, William Carey
desejava que o Evangelho de Cristo influenciasse todas as áreas do conhecimento
e penetrasse todas as esferas sociais. Ele possuía uma profunda convicção de
que o Reino de Deus deve impactar e transformar os valores, as ciências, as
idéias, as atitudes e a mentalidade do povo.
Como cristãos, não podemos apenas “salvar
almas”, abençoar pessoas espiritualmente (se bem que espiritualmente não
signifique “fora do corpo”, alma etérea, mas sim uma ação do Espírito de Deus
sobre a vida). Parece que esta ainda é a tendência vigente em muitas igrejas e
projetos cristãos: fiquemos com nossas igrejas ambientadas, cultos modernizados
e programas contemporâneos! E o mundo lá fora? Que se lixe, que vá para ao
inferno!?! Bem, nunca foi essa escatologia escapista ou teologia fatalista que
marcaram a visão de William Carey e de muitos outros santos e sábios
missionários, encorajados pelo evangelho integral do Senhor Jesus Cristo, bem
como do seu irmão Tiago e do apóstolo Paulo de Tarso.
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