NOVO MAPA DAS RELIGIÕES NO BRASIL

Na semana em que o Rio foi confirmado como sede da próxima Jornada Mundial da Juventude - encontro que terá a presença do papa Bento XVI, em julho de 2013 - o Novo Mapa das Religiões, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), traz más notícias para a comunidade católica. A proporção de católicos em 2009 foi a menor registrada em quase 140 anos de pesquisas estatísticas no País, aponta o estudo. Embora continue maioria, a população católica chegou a 68,43% do total de brasileiros, o equivalente a 130 milhões de pessoas. Pela primeira vez a proporção foi menor de 70%.
A pesquisa também apontou a estagnação da proporção de evangélicos pentecostais (de igrejas como Assembleia de Deus e Universal do Reino de Deus, entre outras), que teve grande crescimento nos anos 1990, e aumento de evangélicos tradicionais (Batistas, Presbiterianos e Luteranos, entre outros). Cresceram também os que se dizem sem religião.
Coordenador do trabalho, o professor Marcelo Neri comparou dados dos Censos desde 1872 até 2000 e atualizou com informações das Pesquisas de Orçamentos Familiares (POFs) de 2003 e de 2009. No período de seis anos entre as duas Pesquisas, a proporção de católicos caiu 7,3%, passando de 73,79% para 68,43% A queda mais acentuada aconteceu justamente entre os jovens de 10 a 19 anos, principal alvo do encontro de 2013 no Rio. A proporção de jovens católicos no Brasil caiu 9%, passando de 74,13% para 67,48%.
Marcelo Neri associa os avanços econômicos do País na última década ao aumento dos evangélicos tradicionais (crescimento de 38,5%, passando de 5,39% para 7,47%), enquanto os pentecostais tiveram crescimento ínfimo, passando de 12,49% em 2003 para 12,76% em 2009. "Os pentecostais têm um tipo de doutrina que se adapta bem a épocas de crise, de desemprego, de violência", define Neri. "Agora, a nova classe média se aproxima do conservadorismo e de um espírito capitalista mais parecido com o protestante, com o evangélico tradicional, do que com o católico, com valorização do trabalho, da educação, da acumulação de capital", diz o economista.
Embora sejam mais religiosas que os homens, as mulheres são menos católicas já há algumas décadas. A maior proporção do sexo feminino está nas religiões evangélicas e espiritualistas. "Questões centrais para as mulheres de hoje, como contracepção, divórcio e aborto são tabus para a Igreja Católica, que tampouco incentivou sua conquista profissional", diz o estudo de Marcelo Néri.
Para a socióloga especialista em estudos da religião Sílvia Fernandes, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), os dados mais recentes confirmam a tendência da década passada de "experimentações religiosas", que fizeram o brasileiro deixar o catolicismo para conhecer outras igrejas e credos. "As pessoas estão em movimento, fazem um mosaico, frequentam diferentes religiões. Nesse movimento de experimentação em um país culturalmente católico como o Brasil, quem vai perder mais é o catolicismo", diz Sílvia.
O Rio de Janeiro é o Estado com a segunda menor proporção de católicos do País, com 49,83%, na frente apenas de Roraima (46,78%). A capital, sede do encontro que trará o papa ao Brasil, também está entre os índices mais baixos, com 53,7% de católicos e 13,3% de pessoas sem religião. "O Rio funcionará como chamariz por ser a capital cultural do País, mas de forma alguma é a cidade mais católica", diz Sílvia Fernandes.

No estudo, Marcelo Neri destacou pesquisa de opinião realizada pelo instituto Gallup em 156 países, no ano passado, que procurou mensurar os religiosos praticantes. O Brasil ficou em 78º lugar, com 50% dos entrevistados que se disseram frequentadores de rituais religiosos de qualquer credo.  FONTE Fonte: G1.

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