O BRASIL, OS DIAMANTES, E SUAS "NAÇÕES" INDÍGENAS

A cada dia fica mais evidente a maluquice do governo Lula ao tentar transformar a região de Raposa Serra do Sol numa área contínua de reserva indígena. Não fosse a história demonstrar que a presença do branco na área remonta ao século 19; não fossem as evidências de fraude no tal laudo antropológico que dá amparo técnico à decisão; não fossem as provas factuais de que os índios já não vivem mais como seus antepassados, há a questão, sim, estratégica — e não diz respeito apenas ao controle das fronteiras. A região é rica em ouro, diamante e especialmente nióbio. O mapa das riquezas minerais tem uma exata coincidência com o mapa das reservas — tanto a ianomâmi como, agora, a Raposa Serra do Sol.
O qüiproquó todo se deu por causa dos arrozeiros, que resolveram resistir. Mas eles ocupam uma área ridiculamente pequena: apenas 0,7% de toda a reserva, onde se produzem 159 mil toneladas de arroz. Os índios vivem da agricultura, da pecuária e, como ficou evidente na reportagem do Jornal da Globo, do garimpo, uma atividade proibida por ali. A reportagem surpreendeu dois índios — falando com todos os esses e os erres de quem domina o português há gerações — na beira do rio. Duas ou três mergulhadas da batéia na água, e o ouro aparece.
É grotesco que essa questão esteja em debate quando há uma crise no Ministério do Meio Ambiente e se fale em desenvolvimento sustentável da Amazônia. Ora, o que se entende por isso? Fechar os índios num jardim zoológico? Esse é o sonho de alguns antropólogos desmiolados. Tão logo os “brancos” saiam dali — se tiverem de sair —, há, isto sim, o risco de uma guerra civil entre os índios. Esqueçam: a noção de propriedade da chegou à região. Eles estão em busca de atividades que rendam lucro, como em qualquer economia capitalista. Não se vai realizar ali o sonho edênico da propriedade coletiva. E vão, como qualquer ser humano, buscar as atividades mais rentáveis.
A verdade é que a “causa” Raposa Serra do Sol vocaliza a militância de uma único grupo: o Conselho Indígena de Roraima (CIR), que é financiado por ONGs — duas em especial: a Fundação Ford, como já demonstrei aqui, e a The Nature Conservancy, que recebe dinheiro dos governos dos Estados Unidos, Reino Unido e França. Sua representante falou ao Jornal da Globo. A ONG auxilia os índios a encontrar áreas para a agricultura, pecuária e, pasmem!, mineração. Só que, por enquanto, o governo brasileiro proíbe a mineração na região.
Mas e daí? O governo brasileiro proíbe, e as ONGs estimulam. E como é que o Planalto resolveu tomar conta, enfim, do seu território? Ora, expulsando de Raposa Serra do Sol os não-índios. É uma estupidez. Ademais, a própria CIR diz reunir pouco mais de sete mil indivíduos — dos 19 mil que vivem lá. Como já é um organismo político, é bem possível que tenha muito menos gente. Mas que se dê de barato: ainda assim, trata-se de uma minoria.
Não adianta tentar dourar a pílula. O Brasil é signatário da tal Declaração dos Povos Indígenas, da ONU. Isso quer dizer que o governo está de acordo com os seus pressupostos (...)
Não há ambigüidade nenhuma aí. As coisas são o que são. Essa é a causa das ONGs da região, em parceria com o Conselho Indigenista Missionário, a facção da Igreja Católica ligada ao que chamo de “Escatologia da Libertação”. Vocês sabem, não? Se deixássemos a agricultura por conta dos “padres progressistas”, a fome certamente já teria matado uns três quartos da humanidade.
A delimitação da reserva Raposa Serra do Sol nasce de uma fraude técnica. A causa alimenta-se do equívoco, quiçá da cupidez. E o país não terá um bom futuro se continuar a jogar brasileiros contra brasileiros, pouco importa a sua origem. Ou a cor de sua pele.
Que o STF aja com sabedoria!
As riquezas da terra e quem defende o quê
O Jornal da Globo levou ao ar, na noite de ontem, a terceira e última reportagem da série sobre a reserva Raposa Serra do Sol. Leiam com atenção. Para assistir ao vídeo, clique aqui. Comento no post seguinte:
Na Raposa Serra do Sol, o horizonte parece infinito e a riqueza sem limite. “Tem muito ouro e diamante, então é mais por isso que querem essa área”, diz a wapixana Maria Antonia dos Santos.
E quem não quer um pedaço dessa terra? Planícies ideais para o cultivo de arroz, sobra espaço no lavrado para a criação de gado e basta percorrer estradas, perto de belíssimos rios e cachoeiras, para encontrar outras riquezas.
No banho do Paiuá, um dos pontos turísticos do município do Uiramutã., recentemente, o serviço geológico do Brasil fez furos nas rochas a procura de minerais. E dias atrás, garimpeiros foram retirados da areia, eles estavam à procura de ouro.
Na praia, usada nos fins de semana por moradores de Uiramutã, foi aberto um grande buraco. “Estavam lavando essa terra e pegando ouro, bastante ouro. Foi preciso que a gente viesse aqui e conversasse com eles que esse aqui é o banho da cidade e não poderia ser degradado dessa forma”, conta Miguel da Silva Araújo, secretário de Agricultura de Uiramutã
Em outro lugar, perto de onde cristais brotam do chão, encontramos equipamentos usados no garimpo, atividade proibida na reserva. Procuramos um pouco mais e finalmente, descendo a ladeira, vemos dois homens trabalhando dentro d´água. Observamos com paciência e alguns minutos depois surgem vários pontos dourados brilhando no fundo da batéia. “Todo dia, tem vezes que a gente faz dois gramas, três gramas. Tem semana que é assim 10, 14, 15 gramas”, conta o índio macuxi Edson da Silva.
Um mapa de Roraima feito pelo serviço geológico do Brasil, do Governo Federal, mostra que as principais reservas minerais do estado ficam localizadas sobre as reservas Yanomami e Raposa Serra do Sol. Tem ouro, diamante, nióbio e outros minerais nobres.
Com a demarcação em área contínua, fazendeiros e não índios terão que sair da reserva. Fato que preocupa o governador de Roraima. José de Anchieta Filho acredita que a fronteira ficará desprotegida. “Nós temos aqui cerca de 960 quilômetros de fronteira com a Venezuela e mais 960 quilômetros com a Guiana Inglesa. Se permitirmos que isso aconteça, o que vai acontecer? Daqui a pouco toda a fronteira está demarcada como área indígena, tirando toda a presença de não índio, de militares dessa área e deixando apenas sob a jurisdição apenas dos índios de manter a soberania e a vigilância dessa fronteira. Esse é o perigo”, afirma o governador.
“Não é ameaça à soberania nacional. Lá na reserva Raposa Serra do Sol existem três pelotões onde o exército deve cumprir seu dever constitucional. Então, por aí, não é uma ameaça porque nós acreditamos na nossa instituição legalmente criada que é o exército”, diz o líder indígena, Júlio Macuxi.
O governo de Roraima quer um plano de desenvolvimento econômico sustentável dentro da reserva, que inclui a construção de uma hidrelétrica no rio Cotingo. Índios ligados a Sodiur, associação que defende a permanência de arrozeiros e comerciantes, apóiam a idéia. “Uma área imensa, que dá para nós trabalhar, dá para nossos filhos trabalhar, dá para outros não índios trabalhar porque são parceiros”, defende o líder indígena Adelino Pereira.
A exploração das riquezas também está nos planos do CIR, o Conselho Indígena de Roraima, que exige a saída de todos os não índios dali. Desde 2003, a maior ONG ambientalista do mundo, a The Nature Conservancy, que recebe dinheiro dos governos dos Estados Unidos, Reino Unido e França financia o CIR em projetos para identificar áreas de agricultura, pecuária e até de mineração - atividade ainda não aprovada por lei.
“Nós acreditamos que é possível, assim como existe em outros lugares do mundo, que os indígenas participem de atividades minerarias, desde que isso seja muito bem regulamentado pelo governo brasileiro”, defende a representante da ONG no Brasil. Ana Cristina Barros.
O trabalho de ONGs e igrejas é visto com desconfiança por militares, que temem a influência de estrangeiros sobre os índios. Outra preocupação é o contrabando de ouro e pedras preciosas.
Apesar da presença de pelotões dentro da reserva, oficiais dizem que estrangeiros podem circular sem controle na terra indígena e atravessar livremente o rio Maú, que faz divisa com a Guiana, onde o barqueiro faz a viagem sem qualquer fiscalização.
O general Heleno Ribeiro, comandante militar da Amazônia, criticou a política indigenista do governo e por isso foi repreendido pelo presidente Lula. “É só ir lá olhar as comunidades indígenas para ver que essa política é lamentável, para não dizer que é caótica”, disse o general em abril.
“O que está em jogo é o fato de se estar criando uma situação de risco, que pode vir a se transformar numa ameaça concreta a soberania do país”, acredita o general Alberto Cardoso. O general, ex-chefe do gabinete militar da presidência, reflete uma corrente de opinião dentro do exército. Assim como muitos oficiais, ele acredita que num cenário de radicalização, os índios possam ser estimulados a criar um estado independente.
“Basta que se decida, que ali tem um território, tem uma nação, vamos criar um estado e transformar esse estado em algo independente. Um ente político independente e aí já se foi a nossa soberania e vai se criar uma situação conflituosa”, dia o general.
Para ONGs, a Igreja Católica e os índios do CIR, a preocupação dos militares não faz sentido. “Se a igreja tem algum pecado é de trabalhar pela promoção da vida e da dignidade das pessoas e esse pecado nós não temos medo de confessar”, diz o bispo de Roraima, Dom Roque Paloschi.
“Nós acreditamos que dizer que os povos indígenas são ameaça à soberania nacional é crime de racismo contra os povos indígenas", diz o líder indígena, Júlio Macuxi.
Nas próximas semanas, o Supremo Tribunal Federal vai decidir se a demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, de forma contínua, será mantida como quer a Funai ou se será feita uma revisão do processo, como pede o governo do estado de Roraima.
O julgamento não definirá o caso de Roraima, mas não resolve uma questão ainda maior: o que queremos fazer com a Amazônia e como vamos tratar nossos índios?
                                 Mais pedras de diamantes são apreendidas
Minéia Capistrano quarta-feira, 2 de agosto de 2006
Pimenta Bueno/RO - Mais 666 pedras de diamantes extraídas ilegalmente da Reserva Roosevelt, foram apreendidas no último final de semana, durante operação realizada pela Polícia Rodoviária e pela Polícia Federal. As pedras estavam sob posse do empresário Douglas Ferreira de Lima, considerado um dos maiores compradores de diamantes de Rondônia. A apreensão corresponde a aproximadamente 350 quilates, a maior do ano.
O diamante foi apreendido na cidade de Pimenta Bueno. As pedras estavam sendo transportadas pelo empresário, que dirigia um veículo Santana, placas JZB 1174, de Porto Velho, quando foi abordado e preso por policiais rodoviários federais. Os policiais encontraram dentro do carro, uma balança de precisão e questionaram a utilização do equipamento.
Em vistoria, descobriram as pedras de diamantes camufladas na cueca do comprador. Douglas Ferreira declarou que comprou as 666 pedras de diamantes em apenas uma semana na cidade de Cacoal, mas não deu nenhuma pista à polícia sobre com quem comercializou os minérios, porém questionou a legalidade da extração e a cobrança de impostos sobre a retirada.
Exploração paralisada
O comandante da operação, delegado Rodrigo Carvalho acredita que o minério tenha sido extraído no tempo que o garimpo ainda estava sendo explorado, uma vez que, segundo ele, não há condições de retirada de pedras atualmente. “Ainda ontem fizemos uma vistoria aérea na reserva e verificamos que não há nenhuma máquina trabalhando no local”, explicou.
A retirada de minérios na reserva Roosevelt é proibida e a região está sob vistoria de policiais federais, com o respaldo dos indígenas que habitam o local. Na reserva, localizada a aproximadamente 100 quilômetros da cidade de Espigão do Oeste, vivem cerca de 1,3 mil índios de etnia Cinta Larga.
De acordo com o coordenador de Operações Especiais de Fronteira, Mauro Sposito, os diamantes apreendidos nesta operação foram encaminhados ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DMPM) onde serão leiloados junto com outros minérios, apreendidos em operações passadas. Outra apreensão de diamantes significativa aconteceu em novembro último, quando foram apreendidos 300 quilates do minério.
Fonte:Amazoniaavista.com
26/04/2004 - 20h13
    CINTA-LARGA DIZ QUE GARIMPEIROS FORAM "MASSACRADOS" EM RONDÔNIA
Agência Folha, em Pimenta Bueno (RO)
O gerente do garimpo da terra indígena Roosevelt, em Espigão d'Oeste (534 km de Porto Velho), o índio Pandere Cinta Larga, 30, disse que foi massacre o assassinato de 29 garimpeiros por índios guerreiros ocorridos dentro da área no último dia 7, mas negou ter participado da chacina.
Ele afirmou que outros 35 garimpeiros, tidos como desaparecidos após o massacre, permanecem dentro da terra indígena em busca de diamantes contra a vontade dos cintas-largas.
Os índios guerreiros, segundo o gerente do garimpo, ainda não descobriram o local em que os homens trabalham. Pandere não falou sobre a possibilidade de um novo massacre. "Preciso conversar com o Pio [Cinta Larga, líder da aldeia] antes de dar a nossa versão", explicou o índio.
Na versão do gerente, cerca de 200 garimpeiros, entre eles os 29 assassinados, tinham invadido a terra indígena no final de março em busca de diamantes.
"O Baiano Doido [Francisco das Chagas Alves Saraiva, 40, um dos morto pelos índios] disse que só morto sairia da área", afirmou Pandere. Saraiva teria sido o primeiro a morrer. "Ele xingou os guerreiros de vagabundos e preguiçosos", quando foi surpreendido no garimpo, disse o gerente.
Dias antes do massacre, os garimpeiros, segundo os índios, rasgaram o estofado da camionete de um líder dos cintas-largas, aumentando o clima de tensão.

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