ESTRANHO FASCÍNIO PELO SERTÃO

Nascer e viver no Semi-árido nordestino foi uma experiência singular para mim.
 A caatinga sempre exerceu um estranho fascínio sobre mim. Os longos períodos de estiagem eram normais, porem sofridos...

Os animais morriam de sede e também porque ficavam fracos com falta de ração adequada, todos nos sofríamos, mesmo as plantas não suportavam a falta d’água e eu não suportava vê-los morrer de sede. Sempre chorava quando chegava no sítio do meu pai e me deparava com as plantas sedentas com suas folhas retorcidas...
Lembro em especial de umas laranjeiras que meu pai plantou em suas terras, quando elas já estavam perto de dar frutos...
Quando se iniciou mais uma seca. Meu pai, conhecedor da situação desistiu delas, mas, eu não comecei a regá-las carregando água de uma pequena cacimba em 2 baldes... O sol escaldante, Com o calor era intenso. Havia em meu coração adolescente a esperança de que Deus enviaria chuvas e eu veria seus frutos.
Dias depois dia os meus pais falaram que não adiantaria insistir naquilo, a cacimba já estava secando e a prioridade era poupar a água para suprir nossa casa.
Corri até uma das laranjeiras e vi que suas folhas clamavam por água, mais não havia água. Chorei muito aquele dia com os olhos fixos naquelas folhas retorcidas. Foi a 1° vez que eu questionei se Deus realmente existia, caso Ele existisse, será que eu estava pedindo muito? Queria apenas que a chuva caísse sobre minhas laranjeiras. O que eu não sabia era que para pedir algo a Deus eu precisava me reconciliar com Ele, antes. (Isaías cap.59) Eu acreditava n’Ele; isso não era o bastante? Ia sempre à missa com a mamãe e o papai. Isso não bastava? Porque as minhas laranjeiras e os animais tinham que morrer?
Lembro que passaram muitos meses até que caísse chuva naquele lugar...
Ao ver as gotas d’água caindo, eu saí dançando na chuva com uma flor no cabelo... Dancei durante toda a chuva, que durou uma tarde inteira... Eu dancei para Deus numa atitude de gratidão, queria que Ele me visse, e soubesse que eu precisava de pouco para ser feliz.